Dubai Telegraph - Restos mortais de jovem africano lançam luz sobre passado escravista do Uruguai

EUR -
AED 4.268807
AFN 76.128995
ALL 96.365789
AMD 443.574615
ANG 2.080444
AOA 1065.758721
ARS 1673.674315
AUD 1.751247
AWG 2.093455
AZN 1.972883
BAM 1.953571
BBD 2.342397
BDT 142.125365
BGN 1.953867
BHD 0.438096
BIF 3447.155519
BMD 1.162224
BND 1.50804
BOB 8.053809
BRL 6.329004
BSD 1.163058
BTN 104.580656
BWP 15.500911
BYN 3.362276
BYR 22779.584681
BZD 2.339131
CAD 1.610773
CDF 2591.758996
CHF 0.937275
CLF 0.027439
CLP 1076.428062
CNY 8.209485
CNH 8.207827
COP 4490.832409
CRC 568.651074
CUC 1.162224
CUP 30.798928
CVE 110.701528
CZK 24.266773
DJF 206.550565
DKK 7.468563
DOP 74.672518
DZD 151.21888
EGP 55.26234
ERN 17.433356
ETB 180.115634
FJD 2.65686
FKP 0.872594
GBP 0.87405
GEL 3.132216
GGP 0.872594
GHS 13.307695
GIP 0.872594
GMD 85.426305
GNF 10097.973317
GTQ 8.90868
GYD 243.282374
HKD 9.044628
HNL 30.532036
HRK 7.533302
HTG 152.312255
HUF 383.891793
IDR 19381.242558
ILS 3.747114
IMP 0.872594
INR 104.480831
IQD 1522.513058
IRR 48958.674107
ISK 148.799483
JEP 0.872594
JMD 186.095232
JOD 0.824019
JPY 182.33256
KES 150.217799
KGS 101.63645
KHR 4655.867651
KMF 492.782924
KPW 1045.997356
KRW 1708.805587
KWD 0.357
KYD 0.969169
KZT 599.785544
LAK 25202.821168
LBP 104077.132901
LKR 358.964185
LRD 205.568257
LSL 19.79245
LTL 3.431744
LVL 0.703018
LYD 6.322329
MAD 10.765097
MDL 19.747955
MGA 5218.384373
MKD 61.544932
MMK 2440.722983
MNT 4122.735213
MOP 9.321682
MRU 46.256927
MUR 53.602018
MVR 17.910378
MWK 2018.202256
MXN 21.148561
MYR 4.782539
MZN 74.265849
NAD 19.793027
NGN 1686.689157
NIO 42.734634
NOK 11.81537
NPR 167.324735
NZD 2.011652
OMR 0.446874
PAB 1.163073
PEN 3.90859
PGK 4.937013
PHP 68.946578
PKR 326.11503
PLN 4.230285
PYG 8132.509524
QAR 4.231668
RON 5.089956
RSD 117.44257
RUB 89.720551
RWF 1687.548824
SAR 4.361312
SBD 9.557922
SCR 16.780765
SDG 699.067862
SEK 10.88745
SGD 1.507979
SHP 0.871969
SLE 27.783516
SLL 24371.247887
SOS 664.205188
SRD 44.885661
STD 24055.68424
STN 24.871587
SVC 10.176212
SYP 12850.659963
SZL 20.001629
THB 37.027262
TJS 10.71737
TMT 4.067783
TND 3.405898
TOP 2.798356
TRY 49.492944
TTD 7.877011
TWD 36.198045
TZS 2847.448133
UAH 49.096939
UGX 4120.244934
USD 1.162224
UYU 45.447355
UZS 13953.658028
VES 299.396029
VND 30650.744745
VUV 141.377858
WST 3.237383
XAF 655.209297
XAG 0.019275
XAU 0.000277
XCD 3.140968
XCG 2.096108
XDR 0.814073
XOF 653.169487
XPF 119.331742
YER 277.248134
ZAR 19.821491
ZMK 10461.401466
ZMW 26.895308
ZWL 374.23556
Restos mortais de jovem africano lançam luz sobre passado escravista do Uruguai
Restos mortais de jovem africano lançam luz sobre passado escravista do Uruguai / foto: Handout - Intendencia de Montevideo/AFP

Restos mortais de jovem africano lançam luz sobre passado escravista do Uruguai

A uruguaia Mónica dos Santos sentiu o sofrimento de seus antepassados como nunca antes, ao ver ossos semienterrados, em posição fetal, em um terreno de Montevidéu, onde escravizados eram comercializados.

Tamanho do texto:

Os restos mortais de um adolescente entre 16 e 18 anos, que morreu de desnutrição enquanto era mantido em cativeiro longe de sua África natal, foram encontrados no Uruguai em outubro do ano passado. Recentemente identificados, eles lançam luz sobre o passado escravista do país e reavivam as demandas por indenização da população negra no Uruguai.

"Era muito doloroso de ver, mas ao mesmo tempo, era como se aqueles ossos estivessem nos dizendo 'estávamos aqui por você'", relata Dos Santos à AFP, descendente de uma das 15 milhões de pessoas que foram vítimas do tráfico transatlântico de escravizados entre os séculos XV e XIX, segundo dados da ONU.

"Sentimos muita dor, mas também esperamos reparação", acrescenta, emocionada, esta artesã e ativista pelos direitos humanos.

No Uruguai, onde a escravidão foi abolida em 1842, 10,6% dos 3,5 milhões de habitantes se identificam como "afro ou negros", segundo o censo de 2023. Estima-se que o percentual real chegue a 14% do total.

O antropólogo Camilo Collazo, um dos responsáveis pelas pesquisas arqueológicas no bairro Capurro, onde foram encontrados os restos mortais do adolescente africano, ressalta que esta é a primeira vez que há evidências no Uruguai de um escravizado mantido em cativeiro.

"Isso é importante para a América espanhola atlântica" porque "expressa, a nível local, como foi a entrada dos escravizados", enfatiza.

No Brasil, africanos que foram mantidos em cativeiro foram encontrados enterrados. O Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco, em 2017, com o maior vestígio remanescente da chegada de escravizados da África às Américas.

- "Importante papel" -

No Rio da Prata, Montevidéu teve um "importante papel" no tráfico de escravizados para o Cone Sul da América, diz Collazo.

Por um lado, em 1787, foi estabelecido, perto da cidade, o assentamento da Companhia Real das Filipinas, que centralizou o tráfico de escravizados provenientes dos portos da Angola, Golfo da Guiné e Moçambique, além do Brasil.

Em 1791, a Coroa espanhola declarou Montevidéu como o único porto de entrada de escravizados na região.

"Isso lhe deu o monopólio sobre o tráfico de pessoas no Vice-Reino do Rio da Prata, que incluía cidades como Santa Fé, Córdoba, Buenos Aires, mas também Santiago do Chile, Lima e Alto Peru", explica Collazo.

Segundo pesquisas, entre 1777 e 1812, período coberto pelo Caserío, quase 70.000 pessoas foram levadas à força pelos portos do Rio da Prata em 550 navios.

- Memorial -

A história toca de perto Myriam Fernández, que permitiu que fossem feitas escavações nos fundos de sua casa, construída por seu pai, um galego que chegou ao Uruguai no século XX.

"Os restos mortais foram encontrados ao lado de uma árvore que ele plantou", lembra a enfermeira aposentada, de 71 anos.

"Quando me contaram, eu estava lavando a louça e tive que sentar, porque isso mexe com a sua própria história, eu sendo filha de espanhóis...", disse, com a voz embargada.

Em seu jardim e nos terrenos ao redor, onde hoje há uma escola, ficava o chamado "Caserío de los negros".

"Tinha cinco barracas com telhados de telha, dois armazéns e uma cozinha com telhado plano, e tudo era cercado por um muro perimetral", diz Collazo.

A busca por vestígios nessas instalações, que ruíram em 1902, começou no final da década de 1990, mas sua localização só foi determinada em 2008. Foi incluído nas Rotas dos Povos Escravizados da Unesco em 2009 e declarado Monumento Histórico Nacional em 2013 e Sítio de Memória em 2022.

Para Leticia Rodríguez Taborda, diretora de Equidade Étnico-Racial e Populações Migrantes da Prefeitura de Montevidéu, o sítio merece um memorial que mostre o tráfico de escravizados e seu impacto.

"A etapa da conquista acabou, mas ainda estamos sentido seus efeitos", lamenta.

No Uruguai, a população afrodescendente registra uma maior porcentagem de pobreza (19,4% contra 9% da população não negra, segundo dados de 2023). Há também maiores taxas de desemprego e subemprego, mais empregos informais e menores taxas de conclusão da educação obrigatória.

F.El-Yamahy--DT