Dubai Telegraph - A vida à beira da tragédia em casas construídas em perigosas encostas na Bolívia

EUR -
AED 4.32464
AFN 77.740992
ALL 96.464556
AMD 447.574742
ANG 2.108331
AOA 1079.834899
ARS 1709.556878
AUD 1.766179
AWG 2.122576
AZN 2.000414
BAM 1.95569
BBD 2.363067
BDT 143.371909
BGN 1.955626
BHD 0.443886
BIF 3466.298337
BMD 1.177574
BND 1.513825
BOB 8.124542
BRL 6.586144
BSD 1.173234
BTN 105.188064
BWP 15.475127
BYN 3.412507
BYR 23080.441516
BZD 2.359667
CAD 1.617774
CDF 2661.316446
CHF 0.930101
CLF 0.027311
CLP 1071.414928
CNY 8.291237
CNH 8.268456
COP 4466.57179
CRC 584.866995
CUC 1.177574
CUP 31.205699
CVE 110.258778
CZK 24.322134
DJF 208.92821
DKK 7.470279
DOP 73.425856
DZD 152.639428
EGP 55.923086
ERN 17.663603
ETB 181.842238
FJD 2.681865
FKP 0.883315
GBP 0.872994
GEL 3.161821
GGP 0.883315
GHS 13.405244
GIP 0.883315
GMD 86.550939
GNF 10255.811591
GTQ 8.990493
GYD 245.466148
HKD 9.158172
HNL 30.926255
HRK 7.534589
HTG 153.6122
HUF 388.554479
IDR 19765.571982
ILS 3.771279
IMP 0.883315
INR 105.69535
IQD 1537.013263
IRR 49575.846669
ISK 147.997138
JEP 0.883315
JMD 187.269432
JOD 0.834941
JPY 183.770931
KES 151.235955
KGS 102.979128
KHR 4706.454632
KMF 493.403332
KPW 1059.816155
KRW 1747.389558
KWD 0.361786
KYD 0.977745
KZT 605.005858
LAK 25413.565852
LBP 105067.570788
LKR 363.249501
LRD 207.668281
LSL 19.597194
LTL 3.477069
LVL 0.712302
LYD 6.366641
MAD 10.740594
MDL 19.863879
MGA 5285.701715
MKD 61.551527
MMK 2473.272155
MNT 4181.82663
MOP 9.402069
MRU 46.766361
MUR 54.144854
MVR 18.205057
MWK 2034.485189
MXN 21.160461
MYR 4.789188
MZN 75.236061
NAD 19.597194
NGN 1714.487931
NIO 43.175364
NOK 11.89002
NPR 168.300502
NZD 2.025781
OMR 0.452776
PAB 1.173334
PEN 3.951077
PGK 4.991422
PHP 69.206505
PKR 328.666153
PLN 4.216243
PYG 7927.552629
QAR 4.288558
RON 5.087349
RSD 117.400563
RUB 92.793938
RWF 1708.903563
SAR 4.416419
SBD 9.593396
SCR 16.653484
SDG 708.31001
SEK 10.856127
SGD 1.515785
SHP 0.883485
SLE 28.320651
SLL 24693.132803
SOS 669.362226
SRD 45.22648
STD 24373.394906
STN 24.497057
SVC 10.266421
SYP 13022.057466
SZL 19.591894
THB 36.728798
TJS 10.794191
TMT 4.121507
TND 3.431906
TOP 2.835315
TRY 50.432508
TTD 7.97655
TWD 37.104937
TZS 2909.164856
UAH 49.385213
UGX 4227.761417
USD 1.177574
UYU 45.987405
UZS 14075.205703
VES 332.26374
VND 31004.922699
VUV 142.019348
WST 3.282858
XAF 655.919985
XAG 0.016984
XAU 0.000263
XCD 3.182451
XCG 2.114581
XDR 0.815754
XOF 655.919985
XPF 119.331742
YER 280.817031
ZAR 19.676523
ZMK 10599.577001
ZMW 26.516504
ZWL 379.178202
A vida à beira da tragédia em casas construídas em perigosas encostas na Bolívia
A vida à beira da tragédia em casas construídas em perigosas encostas na Bolívia / foto: AIZAR RALDES - AFP

A vida à beira da tragédia em casas construídas em perigosas encostas na Bolívia

Cercado por casas destruídas em uma encosta de La Paz, no final de uma avenida que se transformou em abismo, vive Cristóbal Quispe, um comerciante aimará de 74 anos que testemunhou o desabamento de centenas de moradias, incluindo a sua, devido a fortes chuvas em 2011.

Tamanho do texto:

Pelo menos 400 imóveis desapareceram no Valle de las Flores, uma área suburbana ao leste da cidade, segundo estimativas da Prefeitura.

Quispe reconstruiu a sua casa ao pé da encosta, entre as ruínas. E agora, como todos os anos entre novembro e março, estação chuvosa anual e imprevisível com a mudança climática, teme perder tudo novamente.

"Daqui a pouco (isso pode acontecer de novo). Este lugar não é mais tão seguro", admite. "A Prefeitura nos informou que é uma área vermelha", acrescentou.

Desde novembro, 16 bolivianos perderam a vida devido a deslizamentos de terra e transbordamentos de rios causados por fortes chuvas, segundo o governo boliviano.

"Temos medo de viver aqui. Aqui em cima, quando chove, vira lama e pode deslizar", diz Quispe.

Em frente à sua casa, ainda resta metade de um parque onde as crianças costumavam brincar. A outra metade caiu em um precipício.

- "Altamente vulnerável" -

Os perigos se repetem na região. Nos últimos dez anos (2015-2024), pelo menos 13.878 pessoas morreram devido a desastres naturais na América Latina e no Caribe, segundo dados da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.

A América Latina é "altamente vulnerável" à mudança climática, explica o arquiteto Ramiro Rojas, pesquisador de temas urbanos.

"Podemos pensar que as vulnerabilidades (...) são aumentadas pela vulnerabilidade socioeconômica: desigualdades, altos índices de pobreza e cidades desenvolvidas sem muito planejamento", alerta.

Grandes metrópoles têm áreas altamente sensíveis à mudança climática, observa, como as favelas íngremes do Rio de Janeiro ou partes de Buenos Aires propensas a inundações.

O urbanista Fernando Viviescas, professor da Universidade Nacional da Colômbia, diz que "a construção das cidades latino-americanas se deu em um processo no qual o fator climático nunca foi considerado".

Segundo dados da Cepal, 82,7% da população da América Latina vive hoje em áreas urbanas.

La Paz, com altitude média de 3.600 metros, fica em uma imensa depressão entre as montanhas do Altiplano e é atravessada por mais de 300 rios e córregos que tornam o solo instável; 18,4% dos imóveis cadastrados estão em áreas de risco "alto" e "muito alto", segundo o município. E outros 44,2% ocupam áreas de "risco moderado".

"As ocupações estão cada vez mais localizadas em áreas mais vulneráveis (...)", como em bacias, encostas íngremes, nas bordas de penhascos ou em áreas de conservação natural, observa Rojas.

- "Não há para onde ir" -

Perto do Valle de las Flores, em uma colina rochosa, sob uma placa amarela que indica "área de risco", Cristina Quispe, 48 anos, de La Paz, vende mantimentos em sua casa.

Seus vizinhos saíram de suas casas recentemente devido aos danos deixados por um deslizamento de pedras e lama. "Não estou com medo. Estou calma. Não há para onde ir", disse ela à AFP.

A poucos metros de distância, é possível ver os escombros de duas construções cobertas de lama seca. Uma terceira casa está à beira do colapso. A seguinte é sua.

Segundo Stephanie Weiss, pesquisadora do Instituto Boliviano de Planejamento Urbano, La Paz não conseguiu resolver seu déficit habitacional. Ela destaca que os moradores ocupam e constroem informalmente em terrenos vulneráveis, porque sabem que eventualmente poderão "regularizá-los", ou seja, colocar em ordem o que fizeram sem autorização.

Entre maio de 2021 e junho de 2024, três em cada quatro construções aprovadas pelo município de La Paz correspondem a casas construídas sem autorização prévia.

Às margens do Rio Irpavi, 8 quilômetros a sudeste do centro de La Paz, o mecânico Lucas Morales, de 62 anos, perdeu parte de seu terreno devido à cheia do leito do rio em fevereiro de 2024.

Morales comprou sua propriedade em 2010, mas não foi registrada na época. Ele diz que tudo está documentado agora. "Mas como vocês podem ver, hoje está tudo bem, amanhã está destruído. Eles nos deram sinal verde para construir, mas em pouco tempo o rio passará por aqui e não pode ser desviado", diz.

I.Viswanathan--DT