Dubai Telegraph - A via-crúcis dos ucranianos esquecidos nas prisões ocupadas pela Rússia

EUR -
AED 4.323676
AFN 77.104824
ALL 96.287764
AMD 449.15478
ANG 2.107633
AOA 1079.477459
ARS 1707.495805
AUD 1.759762
AWG 2.119225
AZN 2.003851
BAM 1.951182
BBD 2.37018
BDT 143.798434
BGN 1.954902
BHD 0.443857
BIF 3484.464116
BMD 1.177184
BND 1.512121
BOB 8.160754
BRL 6.522541
BSD 1.17681
BTN 105.552074
BWP 15.48934
BYN 3.414319
BYR 23072.802934
BZD 2.366818
CAD 1.614096
CDF 2589.804341
CHF 0.92915
CLF 0.027232
CLP 1068.306359
CNY 8.273835
CNH 8.262824
COP 4416.205113
CRC 581.93256
CUC 1.177184
CUP 31.195371
CVE 110.655632
CZK 24.296959
DJF 209.209217
DKK 7.469843
DOP 73.515042
DZD 152.77371
EGP 55.879863
ERN 17.657757
ETB 182.875653
FJD 2.695162
FKP 0.874802
GBP 0.873765
GEL 3.160759
GGP 0.874802
GHS 13.519978
GIP 0.874802
GMD 87.698773
GNF 10285.637991
GTQ 9.015662
GYD 246.199383
HKD 9.156194
HNL 31.018902
HRK 7.535266
HTG 154.216309
HUF 390.799143
IDR 19723.538379
ILS 3.75072
IMP 0.874802
INR 105.322342
IQD 1542.110808
IRR 49588.868474
ISK 148.008015
JEP 0.874802
JMD 188.184602
JOD 0.83466
JPY 184.020902
KES 151.731269
KGS 102.94477
KHR 4720.507339
KMF 493.240471
KPW 1059.419541
KRW 1744.810203
KWD 0.361595
KYD 0.980679
KZT 599.466266
LAK 25468.371642
LBP 105475.670196
LKR 364.286254
LRD 208.879243
LSL 19.694379
LTL 3.475918
LVL 0.712066
LYD 6.386223
MAD 10.757988
MDL 19.805125
MGA 5353.239254
MKD 61.553828
MMK 2471.903888
MNT 4183.016448
MOP 9.427766
MRU 46.80498
MUR 54.32737
MVR 18.199431
MWK 2044.768154
MXN 21.11072
MYR 4.784072
MZN 75.222206
NAD 19.694049
NGN 1718.958914
NIO 43.307683
NOK 11.83211
NPR 168.883718
NZD 2.019322
OMR 0.452615
PAB 1.176825
PEN 3.96299
PGK 5.003326
PHP 69.156603
PKR 329.788094
PLN 4.221728
PYG 8018.02282
QAR 4.286248
RON 5.090165
RSD 117.421394
RUB 91.817268
RWF 1709.270911
SAR 4.41527
SBD 9.590221
SCR 17.754871
SDG 708.078758
SEK 10.811668
SGD 1.513417
SHP 0.883193
SLE 28.311399
SLL 24684.960493
SOS 672.764891
SRD 45.109294
STD 24365.328414
STN 25.015156
SVC 10.29663
SYP 13015.998434
SZL 19.66487
THB 36.651626
TJS 10.826567
TMT 4.120143
TND 3.407962
TOP 2.834377
TRY 50.411954
TTD 8.005121
TWD 37.028198
TZS 2909.673566
UAH 49.552718
UGX 4251.954468
USD 1.177184
UYU 45.961218
UZS 14129.150506
VES 335.610168
VND 30996.427247
VUV 143.076622
WST 3.277261
XAF 654.408137
XAG 0.016621
XAU 0.000263
XCD 3.181398
XCG 2.120898
XDR 0.815546
XOF 657.454588
XPF 119.331742
YER 280.759227
ZAR 19.657616
ZMK 10596.068584
ZMW 26.59528
ZWL 379.052711
A via-crúcis dos ucranianos esquecidos nas prisões ocupadas pela Rússia
A via-crúcis dos ucranianos esquecidos nas prisões ocupadas pela Rússia / foto: Vano SHLAMOV - AFP

A via-crúcis dos ucranianos esquecidos nas prisões ocupadas pela Rússia

Entre os ucranianos mantidos em cativeiro pelo Exército russo, frequentemente prisioneiros de guerra, está o esposo de Yulia, que já estava preso por agressão quando os soldados russos invadiram a província de Kherson em 2022.

Tamanho do texto:

Meses depois, quando as forças ucranianas libertaram esse território no sul da Ucrânia, os russos já o haviam transferido para a Rússia.

"Tive medo e comecei a chorar. Por que levá-lo? Não era legal, certo?", conta Yulia, de 32 anos, recusando-se a fornecer seu sobrenome para proteger a segurança de Yuri, pai de sua filha de cinco anos, Nastia.

Cerca de 3 mil ucranianos estavam nos 11 centros penitenciários que ficaram sob controle das forças russas desde 2022, segundo o Ministério da Justiça ucraniano e ONGs.

Aproximadamente dois terços foram transferidos para a Rússia.

Desde então, as autoridades russas têm libertado aqueles que cumpriram sua pena, mas o retorno para casa está repleto de obstáculos.

Seus relatos destacam o tratamento que essa população recebe, frequentemente tratada como pária, com o único apoio vindo de suas famílias e de alguns movimentos civis.

De acordo com Yulia, Yuri nunca fala sobre suas condições de prisão para que ela não se preocupe.

- Tortura física e psicológica -

Ex-prisioneiros e ONGs, no entanto, relatam maus-tratos, acesso limitado a medicamentos e pressões para adotar a nacionalidade russa.

"Nos batem só por sermos ucranianos", explica Yuri Patsura, outro prisioneiro encarcerado por roubo na província de Kherson.

Um relatório do instituto dinamarquês contra a tortura e um grupo de ONGs, baseado em uma centena de entrevistas, estabeleceu "a natureza sistemática e generalizada da tortura física e psicológica e outros maus-tratos contra os detidos".

A transferência forçada de prisioneiros civis para a Rússia provavelmente constitui um crime de guerra, segundo esse relatório.

"Nos forçaram sob a ameaça de uma arma. 'Se se recusarem a subir no carro que os levará à Rússia, vamos atirar em vocês'", lembra Patsura.

Os serviços penitenciários russos e a defensoria russa para os direitos humanos não responderam aos pedidos de comentário da AFP.

A vice-ministra ucraniana da Justiça, Olena Visotska, admite que o retorno dos criminosos comuns foi colocado em segundo plano em comparação com outros repatriados.

"Primeiro as crianças, depois os prisioneiros de guerra e, finalmente, os prisioneiros civis", diz ela.

O Tribunal Penal Internacional emitiu em 2023 um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, por supostos crimes de guerra relacionados com a deportação de crianças ucranianas para a Rússia, prática que o Kremlin nega.

- Dificuldades de identificação -

A advogada da ONG Proteção dos Prisioneiros da Ucrânia, Hanna Skripka, afirma que está preparando uma denúncia similar perante o TPI. Para ela, as autoridades ucranianas não estão cumprindo com suas obrigações em relação a esses prisioneiros.

"Todos estão cientes e permanecem em silêncio. Simplesmente encerraram o assunto", afirma.

Na pequena sala que compartilha com um colega em Kiev, o telefone não para de tocar. Famílias e ex-prisioneiros buscam conselhos.

Com seis membros, a ONG estabeleceu uma rede de voluntários, incluindo na Rússia, dispostos a intervir sempre que prisioneiros ucranianos forem libertados.

A menos que aceitem um passaporte russo, os libertados devem convencer as autoridades de sua identidade.

Muitos passam semanas encarcerados apenas esperando por documentos que permitam uma transferência para a Geórgia, país que mantém vínculos estreitos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia.

Depois, precisam aguardar mais algumas semanas em uma zona especial na fronteira russo-georgiana até que as autoridades ucranianas verifiquem suas identidades.

"Quando foram encarcerados, não houve problema para identificá-los. Mas quando se trata de confirmar que são ucranianos para que possam voltar, tudo se complica", lamenta Patsura.

- Viver normalmente -

Até recentemente, quando os prisioneiros terminavam de cumprir pena nos territórios ucranianos ocupados, podiam tentar retornar ao seu país através de um único ponto de passagem entre Rússia e Ucrânia, com a ajuda de voluntários.

"Eles são jogados na rua com o uniforme de prisioneiro", explica Olga Romanova, que supervisiona a organização russa de defesa dos direitos dos prisioneiros "Rus Sidiachtaia" a partir de seu exílio em Berlim.

Os ex-detentos estão "sem dinheiro, muitas vezes sem sapatos. Os deficientes nem sequer têm uma cadeira de rodas", relata.

O ponto de passagem está fechado desde que as tropas ucranianas entraram na Rússia em 6 de agosto.

Após dois anos em uma prisão sob controle russo em Melitopol, Anna Pritkova conseguiu retornar à Ucrânia através do corredor humanitário que ainda estava aberto.

"Vou voltar para casa para me reunir com meus filhos", disse à AFP em junho na estação de trem de Kiev. "Encontrarei um trabalho e viverei como uma pessoa normal", acrescentou.

Yulia, por sua vez, está condenada a uma espera angustiante, já que Yuri ainda tem vários anos de pena para cumprir.

"É difícil esperar me perguntando se ele ainda está vivo ou se o mataram", lamenta.

I.Uddin--DT